Logo ela.Aparentava ser tão forte, carregava no rosto aquela expressão desdenhosamente serena.Via a primavera ir embora, juntamente com as suas unhas.Não que as estações fizessem alguma diferença agora que os dias pareciam ser sempre tão iguais.Olhava sempre ao seu redor, via a lua virar sol, as janelas refletirem a claridade do dia, as pessoas sorrirem...Ah, os sorrisos! Sempre tão sinceros, daqueles que faziam os cantinhos dos olhos franzirem tamanha a satisfação.Não achava seus dentes muito bonitos e não fazia questão de sair mostrando-os por aí.
Lembrava-se vagamente do dia em que achou seus dentes bonitos.Estava distraída, vestindo-se em frente ao espelho depois de um longo banho.O vapor quente envolvia seu corpo e suas maçãs do rosto estavam coradas, seus poros exalando perfume.Limpou o vapor de um pedaço do espelho e sorriu para si mesma, achando graça do seu reflexo gotejante, com cabelos bagunçados que saiam rebeldes da sua cabeça.Foi um sorriso involuntário, que brotou de forma tão estranha como uma tulipa no meio de espinheiros.
Mas fazia tempo.Meses, anos, ela não se lembrava mais e não fazia a mínima questão de lembrar.Queria se preocupar, esforçar-se, mas sentia dentro do seu mais profundo interior que já não fazia mais a mínima questão de nada.Ela era mais um caso perdido, havia atingido as entranhas de um grande labirinto e estava cansada demais para tentar achar a saída.Deixara a água subir demais, a ponto de encobrir o seu nariz.Seus braços estavam imóveis, assim como as suas pernas.A idéia de nadar para a superfície lhe vinha à cabeça, mas ela estava exausta, embalada pelo silêncio das profundezas.Seu corpo e mente estavam esgotados, inertes.A correnteza a dominara, ela era uma marionete, uma pedra presa no fundo do rio criando limo.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Aqui ninguém passa fome!
Tudo mastigadinho pra vocês ! Pra tirar a barriga da miséria ou só fazer um lanchinho, não importa...com farofa tuuuudo fica mais gostoso!
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